sexta-feira, 15 de junho de 2012

Sobre as punições na Euro

Fala pessoal,

Com certeza muita gente anda acompanhando a Eurocopa.

Times sensacionais, partidas incríveis e torcida... bom, torcida nem tanto...

Além das brigas absurdas, que nada tem a ver com esporte, vimos nessa Euro alguns casos de racismo, o que é muito triste num ambiente esportivo.

Para qualquer um que já teve a oportunidade de estar pessoalmente num evento esportivo bem organizado (obs: eu, pessoalmente não considero o Campeonato Brasileiro organizado), em que tudo o que é feito tem o público como foco, sabe que esses acontecimento quebram o tesão de estar ali.

Não obstante, queria colocar um posição pessoal um pouco diferente do que a imprensa vem dizendo sobre a exemplar punição dos envolvidos.

Neste momento, estão alardeando por aí que todos os envolvidos já foram julgados e condenados pelos seus atos, sendo, inclusive banidos dos estádios (não sei por quanto tempo). Usam deste argumento para dizer "viram como o modelo brasileiro é um lixo? Aqui a justiça não pune ninguém".

Vejam, não vou dizer que os responsáveis não tem que ser punidos. Longe disso. Mas, numa boa, que tá falando isso está deixando de ver muita coisa...

Primeiramente, minha opinião pessoal é que somente a criminalização dos responsáveis não vai resolver problema nenhum. Vejam, eu disse "somente".

Claro, se o cara arrumar confusão ele tem que ser punido, e o afastamento dos estádios é uma medida bem plausível (apesar de eu não achar a melhor, ela é muito adequada, de fato).

Creio que antes de punir o cara, é preciso analisar o que levou o cara a sair na porrada perto/dentro do estádio, porque o cara acha ok brigar num evento festivo como é o evento esportivo, etc.

Tudo isso exigiria uma reflexão muito maior sobre a prevenção, o que, evidentemente, a polícia não tem tempo de fazer, portanto acaba resolvendo da forma que sabe: prendendo.

Vejo esses casos de torcida organizada e até mesmo de hooligans como um caso claro de subcultura delinquente, tipicamente vândala (pra quem tiver interesse no assunto eu posso recomendar um livro muito bom, chamado Delinquent Boys, de Albert Cohen), o que não deveria ter como solução o "mero" encarceramento.

A prevenção, no caso, seria um remédio muito mais eficiente para o problema. Pra quem pensa racionalmente: seria possível diminuir os gastos com polícia, com repressão, com segurança privada, etc.

Em segundo lugar, preciso perguntar: sou só eu que me assusto com a rapidez tão grande para o julgamento?

Eu sei que nessas horas dá uma puta raiva dos baderneiros, mas fico pensando como foi o julgamento...

Por fim, fico pensando se as pessoas que criticam a "Justiça" brasileira sabe como ela funciona atualmente nos casos de brigas de torcida, ou algo parecido.

Você sabe? Sabe mesmo?

Hoje, para quem não sabe, o Estatuto do Torcedor, junto com a Lei dos Juizados Especiais, traz uma série de medidas "não prisionais" (e prisionais, quando necessário, por exemplo a "reclusão") para estes casos.

Veja só.

Antes, era muito comum dizerem que o cara que se envolvia em uma briga no estádio pagava um "lanche" (cesta básica) pro Estado e ficava tranquilão.

Hoje não é mais assim. A coisa ficou bem mais pentelha pro baderneiro.

Entre as possíveis medidas, existe, por exemplo, uma previsão de que o torcedor responsável tenha que se afastar do local do evento esportivo por até 3 anos.

Mas uma outra medida que eu acho sensacional é aquela que impõe ao briguento a obrigação de ter que comparecer 2 horas antes dos jogos do seu time, e ficar até 2 horas depois do jogo em um local determinado pela Justiça. Não o fazendo, ele pode ser preso.

Isso faz a diferença. Porque isso pentelha o cara.

Imagina só, um corintiano/santista ter que chegar na quarta-feira que vem numa delegacia duas horas antes de semi-final da libertadores e só poder sair duas horas depois (02:00 da manhã, por exemplo).

Pior, imagina ter que fazer isso um tempão, toda quarta-feira e domingo!!!

Além de tudo isso, muita coisa é jogada nas costas da "Justiça", quando a parcela do problema está, na verdade, com os organizadores do evento e com a polícia.

Dou um exemplo.

Já existe tecnologia suficiente para identificar os brigões dentro e fora dos estádios, mas por algum motivo ainda não vemos nada aplicado nos estádios nacionais.

Resumindo, acho que o problema da violência nos estádios é muito mais profundo do que aquilo que é geralmente retratado na mídia, e muito disso se dá por desconhecimento daqueles envolvidos na questão, sejam jornalistas, dirigentes, e torcedores.

Não estou dizendo que eu sou um expert, longe disso, mas pelo menos eu consigo admitir que isso tudo aí vai muito além do que alcança minha vã filosofia.

Abraço!

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