terça-feira, 24 de julho de 2012

O óbvio jornalismo esportivo

Fala pessoal,

Tudo certo?

Como amante do esporte, esse é um tema sobre o qual sempre quis falar, porque me incomoda absurdo: a obviedade dos jornalistas esportivos, seja em alguma entrevista, algum comentário durante um transmissão ou um artigo em jornal.

Quantas mil vezes você (leitor, telespectador, etc) não ouviu a veeeelha pergunta "como é o sentimeno dessa vitória?".

Como diria o Neto, é brincadeira né?

Toda vez que um cara ganha um torneio, ou que um time é campeão, sempre vem aquele reporter fazer a pergunta do sentimento. Poxa, eu respondo por aqui pra que esses caras tem um "Copiar e colar": o sentimento é o melhor possível, foi muito duro, e isso é resultado de muito trabalho e dedicação.

Chega né! O cara tem dias e dias pra pensar numa pergunta bacana e manda um "qual é o sentimento?". Fala sério.

Nas transmissões de tênis também é muito clichê frases como "ah, ele tem que pegar a bola mais na frente do corpo", "não pode cometer erros bobos", "tem que por a bola na quadra", "tem que melhorar o aproveitamento de primeiro serviço", "não pode deixar o adversário crescer na partida", entre outros.

Aí eu te pergunto: alguém não sabe que não pode deixar o adversário crescer na partida? Alguém acha que o tenista não quer melhorar o aproveitamento de primeiro serviço?

Os jornalistas responsáveis por essas pérolas tem que saber que o que vai diferenciá-los é dizer COMO o cara poderia melhorar o aproveitamento de primeiro serviço (mudando a empunhadura, fazendo um toss mais alto, direcionando o corpo para determinada direção no movimento do saque, etc).

Eu fico triste porque sei que existem profissionais que saberiam muito bem falar sobre isso, e eles não estão na televisão, no jornal, ou nos grandes veículos de mídia.

Um deles é o Paulo Murilo, que tem um dos melhores blogs de basquete que eu já vi (antes que falem alguma coisa, eu nem conheço ele, só leio o blog). O cara, ao invés de usar os clichês, tipo "falta personalidade ao time", ensina o basquete: o armador tem que jogar perto do seu marcador para abrir espaços, etc.

Outro cara que entende muito de tênis mas que não tem muita fama é o Carlos Chabagoilty, um treinador que, de fato, faz milagres com os garotos que treina. Eu vi com meus próprios olhos ele olhar para um garoto em treinamento na quadra por 3 minutos e fazer o aproveitamento de saque dele melhorar com uma frase. Isso eu digo porque eu vi (e ouvi) ele reensinando o garoto, que era federado por um grande clube.

A diferença desses caras é não usar aqueles "lenga-lengas" que quaquer um que já levou o esporte mais a sério já ouviu na vida. Frases que todo treinador meia boca repete sem saber que o que falou não tem sentido prático nenhum.

Todo mundo sabe que você tem que jogar com "raça", "personalidade", "dedicação", "vontade", "sangue nos olhos", etc. O que poucos sabem (e esses são os bons) é como melhorar um atleta sem se basear nesses incentivos de lugar comum.

Da mesma forma que fazem os treinadores, fazem os jornalistas.

Esse post é um desabafo mesmo, porque essas frases prontas irritam mesmo!

Vamos a algumas delas?

"Você vem para ser titular ou para compor o elenco?"
"Você acha que tem espaço nesse elenco do XX?"
"Agora é a hora de não errar" (qual é a hora de errar, mesmo?)
"Qual time vocês preferem pegar na final?" (essa é a que dá nos nervos!! Alguma dúvida de que a resposta será sempre que o time que ser campeão não escolhe adversário?
"Qual a emoção de jogar essa final?"
"Vocês tem chance de ganhar o campeonato?" (queria ver um dia o Loco Abreu falando na lata um "não!")
"Não pode perder a concentração"

Quem lembrar de mais alguma pode mandar aí!

Abraços!

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